sexta-feira, 20 de maio de 2011

Desertificação em Portugal

Portugal é um dos países onde a desertificação tem especial relevância, com cerca de 60% do território susceptível à desertificação e à seca, em resultado das nossas condições climáticas, geológicas e do tipo de cobertura vegetal, mas também em resultado do nosso modelo de ordenamento do território.
A degradação do solo em Portugal é essencialmente levada a cabo pela construção em solos agrícolas de bom potencial, pela degradação química (como sejam a salinização, contaminação por nitratos e metais pesados), pela degradação física por destruição da matéria orgânica e pela erosão, em especial a hídrica. As características mediterrâneas do clima português fazem com que o território tenha zonas semi-áridas e sub-húmidas secas. Com uma variabilidade espacial da pluviosidade, as regiões do nordeste apresentam maiores valores e as de menor pluviosidade são a faixa litoral a Sul e a região do Guadiana. É também de ter em conta a variabilidade inter-anual do clima, em que ocorrem com cada vez mais frequência longos anos de seca. A temperatura média anual está a aumentar, apresentando taxas de aquecimento acima da média global. Verifica-se igualmente uma redução da precipitação de Primavera com o aumento de variabilidade de Inverno e maior frequência de seca. O período seco inicia-se mais cedo e a precipitação de Outono vai aumentar o risco de erosão, pois o solo ainda não tem coberto vegetal.
A precipitação extrema conduz igualmente à erosão dos solos. A susceptibilidade do clima à desertificação pode ser traduzida através das disponibilidades hídricas do solo, reflectindo as situações de humidade e de stress hídrico, paralelamente Portugal possuí escassos recursos em terra e temos elevadíssimos riscos potenciais de erosão. Portugal é um dos países da Europa do Sul onde existe maior predominância de solos de má qualidade (66% do território) com apenas 8% de solos de boa qualidade, onde 68% do território tem alto risco de erosão. Portugal está sujeito a riscos de erosão moderados a elevados, sendo o risco potencial de erosão elevado em quase todas as regiões do país. Desta forma os solos mais degradados deveriam estar protegidos através de floresta, preferencialmente constituída por carvalho, azinheira ou sombreiro
A destruição deste tipo de floresta e a introdução da acácia, do pinheiro bravo e do eucalipto, poderão ter sido um dos factores que contribuíram para o fenómeno de desertificação. Para além da perda de fertilidade, com menor capacidade de suporte dos ecossistemas, os solos perderam a função vital de regularização do ciclo hidrológico, pois afectou-se a permeabilidade e capacidade de retenção devido a alterações no solo de espessura efectiva, porosidade, teor em matéria orgânica e estrutura, com todas as consequências para a disponibilidade de água e sua qualidade. Os solos xistosos das Beiras e do Alentejo, que apresentam elevados índices de erosão, nas zonas com menor coberto vegetal protector, menor estabilidade, menor teor em matéria orgânica, menor permeabilidade e maior propensão para a formação de crosta superficial (o que impede a infiltração e aumenta o escoamento e a erosão), podem explicar a degradação observada nestes locais. A degradação do solo e erosão ao se acentuarem, inibem a disponibilidade e qualidade de água no solo, que provoca uma redução do coberto vegetal, diminui a protecção do solo, reduz o teor em matéria orgânica e piora a estrutura, acentuando-se ainda mais o fenómeno de erosão.


Francisco Ribeiro, Duarte Fidalgo, João Narciso

2 comentários:

9ºA disse...

O trabalho está bastante bom e esclarecedor, é pena ser demasiado extenso. Podiam ter reduzido alguma informação e terem colado alguns pontos para se tornar menos "maçudo" de ler.
Mariana Lemos, Mariana Dourado, Tiago João, André Santos.

9ºA disse...

Portugal é um dos países europeus mais sujeito à desertificação. A Liga Para a Protecção da Natureza alerta para o facto de 1/3 do território português se encontrar afectado pela desertificação, correndo o risco de nos próximos vinte anos ficar desértico e seco.
As más prácticas agrícolas, os longos períodos de secas, os incêndios florestais e o abandono dos campos são algumas das causas que contribuem para crescente desertificação do território português.
Prof. de Geografia